Se faz sentir, faz sentido

quarta-feira, 16 de março de 2011

ADMINSTRAÇÃO ESCOLAR E LUTA DE CLASSE !!!

O presente texto é baseado no artigo de  Vítor Henrique Paro: ESTRUTURA DA ESCOLA E PRÁTICA EDUCACIONAL DEMOCRÁTICA – USP – vhparo@usp.br GT: Estado e Política Educacional / n.05
Agência Financiadora: CNPq.
Me permiti não identificar o número das páginas e o ano das citações que foram utilizadas. Mas reafirmo aos meus alunos que a forma correta é identificar, ok?


            Outro dia eu e meus alunos do Ensino Superior refletimos sobre o significado real de "administração escolar" e tomamos como referência Vítor Henrique Paro (educador brasileiro) que possui uma vasta obra sobre o tema. Algo que comentamos e que muito nos fez pensar, foi sobre a real situação da maioria das escolas públicas em nosso Estado que infelizmente estão relegadas (sendo bem otimista) a "terceiro" ou "quarto" plano  por "nossos governantes".
            Vítor Paro argumenta que "Administração é a utilização racional de todos os recursos para se chegar a fins determinados " e ainda que no espaço escolar as atividade meio são "sustentáculos" das atividades fim, ou seja, todas as atividades da escola devem existir com o único objetivo de dar sustentação a atividade realizada pelo educador e educando.  Infelizmente o que observamos e constatamos no dia a dia é que o trabalho do professor é praticamente "ignorado" pela maioria dos "sujeitos" e "segmentos" existentes na escola.
            É comum por exemplo sentirem falta do professor quando os alunos ficam sem aulas e passam a "incomodar" outros segmentos que muitas vezes parecem estar completamente alienados ao verdadeiro fim da escola, ou seja,  o processo de ensino e de aprendizagem.  Bem , se a escola deve ser administrada de forma a alcançar o seu verdadeiro fim, tudo que acontece nela (volto a repetir) deve está intencionalmente voltado para o trabalho dos docentes para com os discentes. Especificando melhor: o trabalho das merendeiras, dos inspetores, dos coordenadores pedagógicos, orientadores, dos diretores, dos funcionários da secretaria e outros, deve ser pensado e realizado conscientemente para que o trabalho do professor tenha total sustentação e êxito.

            Na maioria das escolas em que meus alunos realizam estágio e em algumas que conheço o que parece é que cada trabalhador "executa" seu trabalho de forma mecânica, pois não há intencionalidade devido a ausência de consciência do real objetivo da escola, acarretando uma fragmentação total.
            Podemos dizer então que ocorre um total "desvirtuamento" do que realmente significa administração escolar e normalmente as atividades administrativas são entendidas apenas como aquelas que nada tem a ver com o "lado pedagógico" e que segundo Vítor Paro é um grande risco pois, "a atividade fim da escola acaba sendo burocratizada" e as "atividades meio tornam-se fins em si mesmas". Vamos exemplificar melhor, muitas vezes as reuniões pedagógicas são apenas iniciadas pelo Diretor que se detém apenas a dar informes relacionados a forma como deve funcionar a escola, mas, sem efetivamente discutir o lado pedagógico que é o verdadeiro foco. Se não é discutido por todos, não há envolvimento e nem compreensão da natureza do trabalho do professor, que entra e sai da escola todos os dias e acaba realizando um trabalho "solitário", tentando resolver sozinho as carências existentes no processo. Dentre elas podemos citar a total falta de recursos para trabalhar...uma matéria por exemplo como a que leciono no Ensino Médio que é geografia, exige toda uma estrutura visual e de materiais concretos que a escola não oferece. Então o que ocorre é que se temos compromentimento real com a aprendizagem dos alunos, temos que dispor parte do nosso salário com mapas, vídeos, xerox de trabalhos e até provas, dentre outros para que as aulas sejam no mínimo razoáveis. É UM VERDADEIRO ABSURDO !!!  E A MAIORIA DAS PESSOAS CONSIDERA ISSO NORMAL E AINDA DIZEM QUE SEMPRE FOI ASSIM E SEMPRE SERÁ...
             Chamo a atenção também para a falta de organização coletiva da luta que nós Trabalhadores em Educação devemos travar junto ao poder público para mudar essa situação...quem estuda na escola pública são os filhos da Classe Trabalhadora.

             Outro aspecto fundamental da análise feita por Paro é sobre o fato de que não podemos efetivamente alcançar determinados fins sem que haja total coerência com os objetivos. Por exemplo se a escola pretende alcançar fins democráticos não pode utilizar-se de meios autoritários jamais.
             É muito comum em época de eleição uma boa parte dos diretores de escolas públicas assumirem o total descompromisso com o verdadeiro objetivo da escola que é o ensino de qualidade, para se dedicarem abertamente as campanhas eleitorais dos candidatos que os mantém em seus cargos de direção, enquanto isso ainda há uma exigência ferrenha quanto ao trabalho que o professor deve realizar, o que configura uma hipocrisia total. Mas, normalmente no PPP ou PDE da escola, que na maioria das vezes foi elaborado apenas por um pequeno grupo e para atender aos interesses de alguns técnicos das Secretarias de Educação (Estadual ou municipal), está explícito que a "missão" ou o "objetivo" da escola é "formar cidadãos críticos e emancipados  politicamente"...ironia total não é ? E tudo bem debaixo dos nossos olhos...

             Tudo isso me faz pensar e reafirmar que é urgente a necessidade de mudança e que ela só irá acontecer partindo de nós trabalhadores, pois nada virá de cima para baixo. Muito pelo contrário o que virá de cima para baixo serão sempre tentativas de manutenção da situação que aí se encontra há anos: total descaso com a Educação Pública do Estado de Roraima.

              O que mais nos anima é que nada está totalmente determinado, pois a história é dinâmica e nós somos sujeitos de todo esse processo, temos que despertar o nosso poder de organização e de luta para fazer valer o que realmente defendemos como educação de qualidade. Ninguém sozinho sabe as respostas mas, juntos podemos encontrá-las. Devemos mais do que nunca termos consciência de que fazemos parte de uma mesma classe, a classe trabalhadora e que a a Escola deve ser pública, gratuita e de qualidade pois existe verba suficiente para isso.

QUESTIONAMENTOS PARA REFLEXÃO E POSTERIOR AÇÃO? (as respostas são óbvias para muitos)
  1. Diretores indicados politicamente, na maiorias dos casos, terão comprometimento real com o verdadeiro objetivo da escola ou com os políticos e "autoridades" que os indicaram? 
  2. O que realmente o atual Sindicato dos Trabalhadores em Educação, vem fazendo para encaminhar a luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação nesse Estado?
  3.  O que tem sido mais importante para algumas equipes diretivas de uma boa parte das escolas em nosso estado, a qualidade do processo de ensino ou a prestação de contas das questões burocráticas tais como preenchimento de diários, entrega de listões e de planejamentos que na maioria das vezes não podem ser executados pela total falta de recursos?
CHEGAMOS A UMA SITUAÇÃO ABSURDA DE DESCASO E DE ACOMODAÇÃO PARA COM A ESCOLA PÚBLICA, ISSO É NOTÓRIO. AGORA O QUE VAMOS FAZER COM TUDO ISSO E PARA QUE ISSO SE MODIFIQUE?

2 comentários:

  1. Os obstáculos para ser professor

    Ricardo Carvalho

    17 de março de 2011 às 12:50h


    Fonte: http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/os-obstaculos-para-ser-professor

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  2. Obrigada Asclê ! Vou ler sim. Abraços.

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